A Coronavac, vacina desenvolvida pelo
laboratório chinês Sinovac em conjunto com o Instituto Butantan, apresentou 78% de eficácia contra a covid-19 no ensaio desenvolvido no Brasil e patrocinado pelo Governo de São Paulo, segundo as autoridades de saúde do Estado. O imunizante, alçado ao centro da disputa política entre o
presidente Jair Bolsonaro e o
governador João Doria, também foi capaz de garantir proteção total contra mortes nos voluntários vacinados que contraíram a doença, conforme já vinha destacando o Governo paulista. Os dados serão detalhados em coletiva de imprensa nesta tarde. O processo de pedido para uso emergencial do medicamento foi iniciado na Anvisa nesta quinta-feira (7), segundo Doria. O Governo de São Paulo espera começar a vacinar os grupos prioritários ―que inclui idosos, profissionais da saúde, indígenas e quilombolas― no dia 25 de janeiro. A estimativa de Doria é de chegar a 9 milhões de pessoas vacinadas até março. Desde o mês de julho, 12.476 profissionais de saúde da linha de frente da covid-19, mais suscetíveis a contrair a infecção, participaram dos testes. O estudo foi realizado com 16 centros clínicos em oito estados brasileiros e acompanhado por organismos internacionais de saúde. “Ainda estamos incluindo voluntários acima de 60 anos”, explica o presidente do Butantan, Dimas Covas. Ele explicou que internação hospitalar, casos graves e casos moderados foram evitados em 100% das análises de imunizados. E que 78% dos vacinados não precisaram de atendimento ambulatorial, quando a pessoa tem um sintoma importante que necessita de assistência médica. “Estamos evitando casos graves, moderados e reduzindo as manifestações mais leves. Então é uma excelente vacina até o momento. Precisamos que ela chegue ao braço das pessoas o mais rapidamente possível”, afirma Dimas Covas. O rito, segundo ele, prevê uma reunião inicial que já foi feita. Na manhã desta terça-feira, representantes dos dois órgãos estiveram em reunião para apresentação do estudo brasileiro. Uma nova reunião já está marcada para o final do dia, e o Butantan espera fazer o pedido emergencial oficialmente entre esta quinta-feira e a sexta-feira. Em novembro, o ensaio da fase 3 já havia atingido o número mínimo de voluntários infectados no Brasil para a apresentação de resultados preliminares, superando os 151 infectados necessários às conclusões ― o que supõe mais robustez aos resultados. Estes dados preliminares seriam apresentados inicialmente no dia 12 de dezembro, mas a partir daí houve vários adiamentos para a apresentação das informações. Primeiro, o
Governo de São Paulo mudou de estratégia e disse que apresentaria dados mais consolidados para pedir o registro definitivo e não mais a autorização para uso emergencial à Anvisa. Nos dias seguintes, porém, voltou atrás e disse que solicitaria as duas autorizações. A expectativa era de apresentação dos resultados de eficácia no último dia 23 de dezembro, mas o
Butantan adiou novamente a apresentação alegando uma cláusula contratual para apresentação unificada de dados de diferentes países. Nas últimas semanas, porém, as autoridades vinham repetindo que o imunizante havia demonstrado eficácia e segurança. O Governo de São Paulo espera ter o aval da agência para iniciar a vacinação no dia 25 de janeiro. A estratégia estadual inclui converter espaços além dos postos tradicionais ―como escolas, estações de trem, farmácias e implementar também um drive thru― em pontos de vacinação. A ideia é vacinar 9 milhões de pessoas em três meses. Para completar toda a primeira fase, são necessárias 18 milhões de doses. O Governo também diz já ter
adquirido seringas e estima que serão necessárias 27 milhões delas nesta fase. Até o momento, cerca de 10,8 milhões de doses da Coronavac chegaram ao país.