O Dia da Sobrecarga da Terra ou Overshoot Day, como é conhecido em inglês, trouxe à tona a reflexão sobre como o estilo de vida atual da humanidade tem grave impacto sobre o planeta. O último Dia da Sobrecarga da Terra, data em que a utilização de recursos naturais pela humanidade ultrapassou a capacidade do planeta de regeneração, ocorreu em 28 de julho, em 2022.
Neste ano o dia 02 de agosto marcará esta data, enfocando que a humanidade consumiu tudo o que os ecossistemas conseguiram produzir ou renovar em um ano, segundo a Global Footprint Network, que realiza este cálculo desde 1971.
“A partir de 1990, três setores ampliaram significativamente as emissões globais de GEE: processos industriais (+174%), transporte (+71%), e fabricação e construção (+55%), onde além de contribuírem para o aumento de emissões de gases que impulsionam o aquecimento global, estes setores estão associados a um alto consumo de recursos naturais, como água e matérias primas, e à utilização de combustíveis fósseis para a geração de energia”, relata Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios.
O cálculo é feito pela GFN (Global Footprint Network) que monitora a pegada ambiental do mundo inteiro. Esta avaliação teve início em 1º de outubro de 2000 e a cada ano tem acontecido mais cedo. A B3 foi a primeira bolsa de valores do mundo a aderir ao Pacto Global, em 2005, e um dos pilares da estratégia de sustentabilidade é induzir boas práticas ESG no mercado.
A WWF ONG (World Wild Foundation) de origem suíça, presente em 162 países e uma das mais respeitadas organizações não governamentais, começou em 2009 a efetuar o cálculo da pegada ecológica no Brasil, inicialmente nas cidades de Campo Grande e São Paulo, através de sua parceria com a GFN (Global Footprint Network).
No dia 13 de agosto de 2015 a terra atingiu a sobrecarga. A data marca o dia em que já foram consumidos todos os recursos naturais disponíveis do planeta. Indicadores das ONGs Global Footprint Network e WWF apontaram que seria necessário 1,7 planeta para sustentar o consumo de toda a população global em 2022.
De acordo com dados da Global Footprint Network (GFN), se for mantido o consumo atual, em 2050, serão necessários quase três planetas para sustentar a população mundial. Por este motivo, é preciso promover a conscientização ambiental da sociedade para que os hábitos de consumo sejam revistos.
Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Akatu, enfatiza a necessidade de ações concretas e efetivas por parte de governos, empresas e consumidores para minimizar ou até reverter esse quadro de sobrecarga. “Mudar nossa forma de produção e consumo, desde a compra até o uso e o descarte, para modelos mais conscientes e sustentáveis, é uma das soluções. Praticando o consumo consciente, podemos regenerar ecossistemas e aliviar a carga pesada que imponham ao planeta”, observa Felipe.
A GFN utiliza a calculadora da Pegada Ecológica global que, por meio de perguntas sobre hábitos de consumo, mede o impacto de um cidadão sobre o planeta. Cada Pegada Ecológica de um país, de uma cidade, de uma empresa ou de uma pessoa, corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar produtos, bens e serviços que sustentam determinados estilos de vida.
Em outras palavras, a Pegada Ecológica é uma forma de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade utiliza, em média, para se sustentar.
O consumo médio brasileiro equivale a países de primeiro mundo (2,7 hectares globais/habitante), ou seja, necessita de 1,6 planetas para manter o estilo de vida. Exemplo disso são os paulistanos. Seriam necessários 4,38 hectares/habitante, ou seja, 2,5 planetas face a renda per capta da população. Portanto, hoje o consumo não é realizado de forma consciente, levando a sobrecarga do planeta.
“Diante da emergência da crise climática, os hábitos de consumo precisam ser repensados. Não é seguro continuarmos a destruição do planeta para mantermos padrões de vida que colocam em risco o futuro das próximas gerações. A calculadora da pegada ecológica é um ótimo material educativo para ser divulgado na sociedade”, conclui Vininha F. Carvalho.
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